Lembra-me sempre quando era pequena e me davam catálogos destes e os meus avós diziam: marca o que gostavas de ter para escolhermos.
Eu escolhia muito bem, tinha direito a um brinquedo, por isso as escolhas tinham de ser as melhores. Escolhia sempre 5 ou 6, assim podiam decidir qual daqueles me compravam.
Passava dias e dias a sonhar com os brinquedos, olhava para o embrulho e tentava imaginar qual dos escolhidos era. A questão é que não era. Era sempre outro, porque ou não havia na loja, ou era caro, ou esqueceram do catálogo.
Desisti de escolher, deixei de me importar com o que recebia, até que um natal a minha mãe me disse que os meus avós me tinha comprado o boneco que eu queria. Lembro-me bem, era um bebé que fazia caretas e sons, como os bebés reais.
Realmente, nesse natal recebi o boneco que tanto queria. Fiquei tão feliz, tão feliz que lembro-me de sentir o coração cheio. Bom, como era bom demais para ser verdade, o boneco estava avariado e já não era possível trocar. Portanto, não fazia caretas, nem sons, nem nada. E a felicidade transformou-se em desilusão porque, uma vez mais, não tinha o único brinquedo que desejava.
Ainda guardo esse brinquedo, numa caixa na arrecadação e, honestamente, sempre que o vejo sinto-me triste e percebo que o natal nunca me ofereceu o que eu desejava, nem agora o faz. Ando com um desejo de natal há 5 anos, mas ele não se realiza. E não é prenda nenhuma, é o natal com que sempre sonhei. Se se realizasse eu seria tão eternamente feliz.